Poema de Amor
O que vem antes do amém? Uma súplica, um agradecimento? Não sei! Não lembro mais! Qual era mesmo aquela palavra tão perfeita? Aquela com gosto suave, uma textura exata para a composição do novo poema. Esquecer talvez seja a melhor opção, mas eu não me conformo. Reviro todos os baús. Faço tempestade nas marés. Nada. Estou diante do vazio. Mais uma vez, seria quase sempre? Talvez. Nesses tempos de sol ardente, contemplar as águas de uma chuva que vem de dentro é como nublar a benção do azul do céu. Não faz sentido. Tanto quanto perder a palavra exata. Ou manter o foco nas faltas diante de tantos presentes. Não há mais espaço para buscas fúteis! Digo amém e sigo adiante. Deixo-me inundar pelo inusitado das horas. O inesperado me guia feito anjo guardião zelando pela construção de um outro poema. O que foi esquecido o mar levou. Nas espumas densas do tempo não há caminho de volta. Perdido está. Se faz ausente o que se quer lembrar. Conviver com o vazio é imperativo. Ali está, não pode ser desfeito. Que faça silêncio na minha memória. Nada ouço. Nada vejo. Assim está bem, está pronto. É o que há. Se já não tenho a poesia que eu tanto amava, que sejam lavadas as novas palavras, e um desconhecido poema de amor se faça do encanto que restou.
*Si*