Tempo menino...

O tempo é um menino, brinca conosco de esconde, contamos até dez ou cem para procurá-lo, e assim fazê-lo ser o que se espera dele... Mas ele é sabido, faceiro, nada fácil de se fazer acontecer. E a gente acredita, insiste nele, pede que cure as feridas, a dor, que amenize a saudade, a falta, que chegue logo, mas também que passe logo... Será que ele é capaz? Ou somos nós que depositamos demais nossa esperança e credibilidade no tempo? De uma coisa eu sei, ele ensina, nos amadurece, nos prepara, nos mata aos poucos, deixando-nos largados ao chão rastejando... Ele pode ser um fiel aliado e um cruel inimigo. Por vezes, debocha, ri da nossa cara, noutra nos traz à tona, nos reergue, nos sustenta para conseguirmos ficar em pé e seguir... Nunca se sabe quando é que ele vai tornar o ruim, dolorido, em fácil, suportável, ou se vai ser tudo ainda pior... Esperar pelo tempo, requerer dele que sane as feridas, as cicatrize e que tudo acabe, se resolva de uma vez, é como esperar um milagre, algo raro de se acontecer... Quem sabe ele resolve aparecer logo, ou se demore muito... nunca se sabe. E quando isso acontecer, que saibamos aproveitar, usá-lo ao nosso favor, se não ele passará por nós tão rápido como se fossemos desconhecidos. Ele pode nem curar tudo, mas é ele que nos mantém vivos, com a chama acesa dentro de nós, cheios de sonhos. O tempo leva tempo, mas existe, e se é possível acreditar...