Saturno em Mim
Dentro de mim, sou Saturno.
Imensa e distante, flutuando por um espaço que só eu conheço,
meus anéis são guardiões daquilo que ninguém deve ver.
É uma proteção, ou talvez uma prisão,
mas é o que me mantém intacta —
longe dos olhares impiedosos,
longe das tempestades que ameaçam destruir.
Meus ventos são frios, cortantes,
mas se você se aproximar o suficiente,
sentirá o calor das minhas luas,
que iluminam a escuridão com sua verdade silenciosa.
Minhas tempestades são violentas,
mas elas são apenas ecos de algo mais profundo —
um grito mudo de quem já sofreu,
mas nunca se dobrou.
Dentro de mim, há gelo e fogo,
em uma dança que ninguém vê,
caminhando no fio da navalha entre o silêncio e o caos.
Meus sentimentos são uma órbita própria,
inconstantes, mas firmes em sua trajetória,
um ciclo que se repete, mas nunca é o mesmo.
Eu sou o frio que congela as palavras,
mas também a chama que arde no coração de quem se permite
ver mais do que o que está à superfície.
Sou Saturno —
longe, porém perto.
Solitária, mas cheia de vida.
Sofrendo em silêncio,
mas pulsando em cada átomo que me compõe.
Se alguém se atrever a me explorar,
que se prepare para a vastidão do que se encontra
entre as tempestades e os anéis.
Pois o que eu sou não é simples,
não é fácil de decifrar,
mas é, sem dúvida, profundo.
Eu sou Saturno,
e apenas para os corajosos que eu me revelo.