Tampa e a panela
"O amor é falta, insuficiência, necessidade, e ao mesmo tempo, desejo de adquirir e se conquistar o que não se possui". (Platão)
Seria possível contemplar na limitação de uma palavra, de uma frase a imensidão de um sentimento que move os céus?
Seria possível nominar o que foge à compreensão do racional e do lógico e descrever, não o que os olhos veem, mas o que o coração sente?
Como exprimir entre vogais e consoantes à semântica de uma vida?
Alma gêmea?
Cara metade?
Cereja do bolo?
Tampa e a panela?
No plano cartesiano da vida, entre ordenadas e abscissas, seria possível equacionar tal sentimento em uma expressão matemática?
Seria, entretanto, o que me inspira e me excita, me aquece e me tranquiliza e ao mesmo tempo me perturba, algo assim tão exato?
Ahhh já nem sei mais o que faço...!
Se permaneço ou me desfaço...!
Se grito ou se me calo ...!
Que sentimento avassalador é esse?
Na busca por compreender a lógica de Camões:
"É fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”,
Descubro que me faço louco cada dia, por mais e mais senti-lo em meu ser... e nessa minha loucura, parafraseando Aristóteles, torno-me perfeito dia a dia, reinventando um novo jeito de querer...
Como traduzir em vogais e consoantes o sentido de uma vida?
Alma gêmea?
Cara metade?
Cereja do bolo?
Tampa e a panela?
Amor...talvez?
Resta-me por fim Paulo Freire
“Quem começa a querer entender o amor, a explicá-lo, a qualificá-lo e a quantificá-lo, já não está amando”,
E inebriado nesse sentimento, deixo de lado os sofismas e definições e me completo por inteiro em você, minha alma gêmea, minha cara metade, a tampa da minha panela, a cereja do meu bolo.... Valéria...!