Avessos do que somos

Erguem-se

gritam slogans vazios

e multidões febris os seguem

como sombras sem luz...

:

Prometem,

mas suas promessas

são grades invisíveis

presas para quem sonha...

:

Governam(?)

mas nunca para nós

os que cavam a terra

os que suam por pão...

:

Com gestos, caras e punhos

disfarçam opressão

em discursos de ordem

em mentiras de progresso...

:

Cercam-se de muros

não apenas de pedra

mas de medo e silêncio

calando a voz que contesta...

:

Eles falam de força

mas a força é opressão

Eles falam de justiça

mas a justiça é só miragem...

:

Enquanto o povo espera

com mãos vazias

eles erguem taças cheias

brindando ao esquecimento...

:

Mas aqui,

nestes versos curtos,

nesta prosa insurgente

registro meu singelo protesto...

:

No VERBO

conjuramos o futuro

conjugamos a esperança...

Porque somos o avesso

do avesso que eles são...

.:.

Aos líderes que emergem das sombras da história,

que levantam muros em vez de pontes,

que inflamam ódios enquanto apagam esperanças,

aos que confundem poder com tirania

e alimentam o passado em vez de construir o futuro.

:

MMXXV