Silencioso canto...
Caminho pelas ruas,
com os olhos cerrados,
Carrego um peso
que os outros não sabem,
Minhas sombras são vistas
como sonhos calados,
E o que sou, é visto apenas
como o que não sabem.
Sinto o mundo girar,
sem entender seu compasso,
Sou um espectro perdido
em mares de gritos vazios,
Eles falam, mas
suas palavras são um laço,
Preso em palavras
que não tocam
os meus próprios rios.
Minhas dores são levadas
ao vento, desfeitas,
Mas ninguém as vê,
a não ser eu, em sua vastidão.
Aqueles ao meu redor,
em suas vidas perfeitas,
Ignoram a batalha
que carrego no coração.
Não pedem para ver,
nem tentam ouvir,
Apenas o silêncio
em minha alma é ouvido,
A empatia é um conceito
que não sabem traduzir,
E o melancólico é um
ser esquecido, perdido.
Na imensidão da indiferença,
vou me calando,
Entre risos e vozes
que não me tocam,
Buscando, em vão, alguém que,
ao menos, esteja olhando,
Alguém que veja o que me aflige
e não só o que me sufoca.