CAVERNA I
Mergulhado em mim mesmo
sinto angustiante desejo de isolamento...
Às vezes quero me afundar em visões sombrias
adentrar em uma funda caverna de diante da qual – quero adormecer todos sentimentos...
sem saber exatamente porquê – espantado de espanto:
quero fugir desse tempo do mundo...
quero apoiar-me em algo espantoso
para ver se consigo distinguir alguma coisa...
mas a grande escuridão que ali reina me impede...
Depois de um tempo dois sentimentos me invadem:
medo e desejo, medo da caverna escura e ameaçadora,
Tenho medo de adaptar-me e não querer sair dela !
A caverna é o ventre de mãe onde me sinto em abrigo,
lá fora falsidade e guerra...o homem Devora o homem
por nada mata... o amor é tão falso como verdadeiro, é
preciso muita ciência ! muita paciência que já se me
esgota... esgotado por tanta luta sem trégua, sobrevivo
como cigarra depois que voltei, quero voltar lá de novo !
Cansei dos moinhos de vento ! dos sonhos impossíveis !
Hibernar é tratamento, não é fuga, é defesa sem
ferrugem no aço... voltarei fresco e curado, sim para
quando o amor que quero me puxar de volta...!