O Padre
Vituperei verdades
Sibilinas e sinceras;
O que não tem idade
É expressar nossas quimeras.
Quisera eu ter o dom das pradarias,
O cheiro doce das melhores padarias,
A pretensão de não mais ser são.
Pois a liberdade de todo julgamento
Passa pela destruição do crítico de dentro,
Que fica a importar padrões,
A desdobrar sermões,
A esgrimir senões…
Temos que ser os padres de nós mesmos,
Nossas igrejas e catequeses,
Filtrar os alardes careteiros,
Apagar nossos fofoqueiros internos.
Mandar pra a tinturaria os ternos
Apertados e enxovalhados
Por toda forma de aprisionamento.
Defender os sins eternos
Quando somos ternos e unguento.
Não, a todos os lados patifes
Que desfrutam do prazer das omissões;
Sim, para toda forma de meiguice,
Para todos os atos e afirmações.
Nos quais nos vemos inteiros,
Taciturnos, alegres, faceiros,
Pois não há nada mais certeiro
Do que ser para si verdadeiro.