O Padre

Vituperei verdades

Sibilinas e sinceras;

O que não tem idade

É expressar nossas quimeras.

 

Quisera eu ter o dom das pradarias,

O cheiro doce das melhores padarias,

A pretensão de não mais ser são.

 

Pois a liberdade de todo julgamento

Passa pela destruição do crítico de dentro,

Que fica a importar padrões,

A desdobrar sermões,

A esgrimir senões…

 

Temos que ser os padres de nós mesmos,

Nossas igrejas e catequeses,

Filtrar os alardes careteiros,

Apagar nossos fofoqueiros internos.

 

Mandar pra a tinturaria os ternos

Apertados e enxovalhados

Por toda forma de aprisionamento.

Defender os sins eternos

Quando somos ternos e unguento.

 

Não, a todos os lados patifes

Que desfrutam do prazer das omissões;

Sim, para toda forma de meiguice,

Para todos os atos e afirmações.

 

Nos quais nos vemos inteiros,

Taciturnos, alegres, faceiros,

Pois não há nada mais certeiro

Do que ser para si verdadeiro.

 

Marco Lirio
Enviado por Marco Lirio em 21/12/2024
Código do texto: T8224496
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