Está tudo bem, tudo certo

Aprender a ser só é um desafio,

Como aprender a só ser, um desvio,

Viver na plenitude, um desvario.

 

Saber da vida,

Que é feita de composições

E decomposições,

Um ciclo eterno, sem interrupções.

E está tudo certo.

Pois não há certo ou errado,

Pois nosso controle é limitado.

 

E, nesse momento do universo,

Nesse átimo de segundo,

Não preciso estar no alto do Himalaia

Nem nas profundezas do mundo,

Para ter a dimensão da minha pequenez,

Para intuir que tenho larvas de plenitudes,

Amalgamadas às sombras da sordidez.

E está tudo certo.

 

Deitado na minha cama,

Olho o céu em sua imensidão.

Vislumbro um ser de galáxia longínqua,

Seu olhar cósmico voltado à Terra distinta,

Com seu telescópio possante,

Enquanto passeia por milhões de janelas

Vendo milhões de vidas a se desdobrarem.

O curioso ser, no seu voyeurismo,

Captura ciclos, nascências e morrências,

Sendo, do transitório, uma testemunha.

 

Testemunha a sorte, reverencia a morte,

Vê paixões que estouram como champanhe,

Casamentos que se desfazem sem alarde,

Para ele não há corajoso nem covarde.

Surge um novo deserto a céu aberto,

Oásis deslumbrantes vão surgindo de modo errante.

Percebo que o alienígena sou eu mesmo,

Observador e observado neste esquema.

 

E neste cosmos de infinitas conexões,

Está tudo certo neste mar de imperfeições.

 

Está tudo bem, tudo certo,

(Estou aqui bem perto...)

 

Marco Lirio
Enviado por Marco Lirio em 20/12/2024
Código do texto: T8223386
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.