Está tudo bem, tudo certo
Aprender a ser só é um desafio,
Como aprender a só ser, um desvio,
Viver na plenitude, um desvario.
Saber da vida,
Que é feita de composições
E decomposições,
Um ciclo eterno, sem interrupções.
E está tudo certo.
Pois não há certo ou errado,
Pois nosso controle é limitado.
E, nesse momento do universo,
Nesse átimo de segundo,
Não preciso estar no alto do Himalaia
Nem nas profundezas do mundo,
Para ter a dimensão da minha pequenez,
Para intuir que tenho larvas de plenitudes,
Amalgamadas às sombras da sordidez.
E está tudo certo.
Deitado na minha cama,
Olho o céu em sua imensidão.
Vislumbro um ser de galáxia longínqua,
Seu olhar cósmico voltado à Terra distinta,
Com seu telescópio possante,
Enquanto passeia por milhões de janelas
Vendo milhões de vidas a se desdobrarem.
O curioso ser, no seu voyeurismo,
Captura ciclos, nascências e morrências,
Sendo, do transitório, uma testemunha.
Testemunha a sorte, reverencia a morte,
Vê paixões que estouram como champanhe,
Casamentos que se desfazem sem alarde,
Para ele não há corajoso nem covarde.
Surge um novo deserto a céu aberto,
Oásis deslumbrantes vão surgindo de modo errante.
Percebo que o alienígena sou eu mesmo,
Observador e observado neste esquema.
E neste cosmos de infinitas conexões,
Está tudo certo neste mar de imperfeições.
Está tudo bem, tudo certo,
(Estou aqui bem perto...)