Deixa-me
Deixa-me assim na quietude destes versos
dizer-te que amo-te,
Amo-te, incansavelmente como quem nada mais tem a amar,
Que de teus olhos se derramem por entre minha face,
Despertando no crepuscular do almejo,
O sonho de beijar-te os lábios,
Como quem descansa ao desconsolo vivido,
E logo aguarda a voz, amena que há-de o acordar.
Deixa-me envolver-te por entre estes versos, singelos,
Amantes...
Para que tenha minh’alma o bálsamo
Há desregrada vida que me fora somente chaga.
Quem sabe assim, dizer-te que quero, quero, quero...
Como jamais ao querer, quis antes.
Deixa-me amar-te além do amor,
E assim enlaçar-me por entre teus dedos,
Apregoar-me por toda a extensão de tua face,
E morrer, morrer no descanso de tua falta.
Deixa-me amor assi, recostado, desventuroso,
Como porto que cá espera o barco,
Como veleiro que após longas noites, atracado,
Amanhece assomo mediante o ventar da esperança.
Deixa-me, permita-me o poema, para que seja eu farto,
Poder recostar d’onde posso amar-te, posso ver-te,
Posso contemplar-te assim, como tu és...
Dar-te o beijo doce e eterno da saudade...
Pois em cada letra lhe faço, junto-te, para que me tenhas
Para que em poema tu estejas, só assim posso amar-te.
Pois me deixaste, agora peço-te encarecidamente: Deixa-me.