Deixa-me

Deixa-me assim na quietude destes versos

dizer-te que amo-te,

Amo-te, incansavelmente como quem nada mais tem a amar,

Que de teus olhos se derramem por entre minha face,

Despertando no crepuscular do almejo,

O sonho de beijar-te os lábios,

Como quem descansa ao desconsolo vivido,

E logo aguarda a voz, amena que há-de o acordar.

Deixa-me envolver-te por entre estes versos, singelos,

Amantes...

Para que tenha minh’alma o bálsamo

Há desregrada vida que me fora somente chaga.

Quem sabe assim, dizer-te que quero, quero, quero...

Como jamais ao querer, quis antes.

Deixa-me amar-te além do amor,

E assim enlaçar-me por entre teus dedos,

Apregoar-me por toda a extensão de tua face,

E morrer, morrer no descanso de tua falta.

Deixa-me amor assi, recostado, desventuroso,

Como porto que cá espera o barco,

Como veleiro que após longas noites, atracado,

Amanhece assomo mediante o ventar da esperança.

Deixa-me, permita-me o poema, para que seja eu farto,

Poder recostar d’onde posso amar-te, posso ver-te,

Posso contemplar-te assim, como tu és...

Dar-te o beijo doce e eterno da saudade...

Pois em cada letra lhe faço, junto-te, para que me tenhas

Para que em poema tu estejas, só assim posso amar-te.

Pois me deixaste, agora peço-te encarecidamente: Deixa-me.

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 18/01/2008
Código do texto: T822107