Corre!

Essa menina, vejam vocês, que disparate(!)

Cismou que agora vai existir!

Existir! Uma coisa sem pé nem cabeça!

Uma coisa que vai da cabeça aos pés

E dá um trabalhão danado!

Ela fica com essas ideias tortas

De gente que achou um lugar seu,

E fica acreditando que o mundo inteiro ,

Inteirinho da Silva, é dela, e que ninguém toma.

Falou de aproveitar cada segundo no deleite

Dos que bebem tempo, dos que saboreiam

Cada gota de felicidade,

E ainda lambem os beiços.

Ah! Não dá! Não dá pra existir sendo assim,

Porque a vida é uma urgência, ora bolas!

Labutas, febres, indigestões e nada mais!

Só que pra ela, não! Pra ela é um oceano

De pétalas douradas e ela se apoderou da mania.

Ou foi a mania quem apoderou-se dela!

Quem manda nela agora é a mania!

Mania de existir! Mania de felicidade!

Numa tal credulidade que é coisa de louco!

E ela surfa seu oceano com o desapego

De uma alegria que chega a ser irresponsável!

E incômoda! Nem te falo como é incômoda!

Ninguém suporta olhar!

Mas para o despeito alheio ela atira rosas

Porque cada um dá o que tem e ternura

É o que ela tem pra dar.

Se essa mania for contagiosa, sei não,

Melhor correr! Quem não está aberto ao caos que a liberdade traz, que se cuide.

Porque existir requer loucura, senso nenhum de vigilância ou de cuidado com o que os outros vão pensar!

É não levar a vida tão a sério e jogar-se no oceano de pétalas douradas de cada instante. Degustando o melhor da vida, despudoradamente!

Com mania mesmo, de ser feliz!

Tarde demais! Fui contagiada! Corre!