Do Toque à Garganta
O telefone chama, um toque longo, sem sinal de atender. Antes do amor acabar, ligamos algumas vezes para um recomeço, um novo ciclo, que, com o vazio do toque, se acabou.
O que me esperaria naquela noite, caso atendesse? O silêncio gritante se calaria ao som da sua voz, mas o mundo não acabaria pelo meu choro; minha voz não rasgaria a garganta.
A chamada não atendida vivencia o ponto final, o fim para o toque longo, tocando dezenas de toques. Seria doce seu "alô" ao meu silêncio?
Andei madrugadas à espera de um toque mal tocado, noites esperando um toque longo, dias esperando o nada. O incerto, o desfecho, o acerto, o fim.