Cantigas
Nas cantigas de amor, das mais belas às mais breves, que um dia compus para ti, todas elas orquestrei com as minhas verdades, entrelaçando a elas fragmentos de minha alma, sempre crendo que tu as notasses e guardasses cada palavra que verdadeiramente foi minha. Nas cantigas de amor que dediquei aos clarões que partilhamos, também tracei melodias para as sombras que habitamos, não para rememorar dores pretéritas, mas para que vislumbrássemos as amarguras que já não fazem mais parte.
Nas cantigas que te dediquei, sempre confiando em tuas promessas falaciosas, ou melhor dizendo, permiti-me envolver-me em tuas palavras doces, mas não experimento mágoa ou tristeza ao evocar tuas lembranças. Apenas recordo das cantigas que as dediquei, não buscando resgatar aquele amor ansiado, mas reconhecendo que tais cantigas são verdadeiramente parte de mim.
Ao cabo, todas as cantigas que tracei integram-me, pois em cada uma repousam fragmentos de minha alma, cada qual contando uma história minha, cada qual carregando um pedaço da pessoa que fui para me tornar quem sou agora. E agora, acredito que cada uma das minhas cantigas não é meramente sobre amor; são contos. No final, isso é além de simples cantigas.