Sob a Vigília da Lua

Ah Lua, em teu brilho e mistério, encontro-me deslumbrado. Mais uma vez, rendo-me à luz que derramas, e ao consultar os astros, a vejo chegando na primavera, iluminando as noites mais profundas que atravesso. Torcendo para que a traga novamente, não só as memórias, mas as emoções que eu a dediquei, desejando que ela estejas comigo ao amanhecer.

Nos murmúrios que te confiei, escutaste com atenção infinita, cativando-me sob o esplendor de tua vigília noturna. Porém, o silêncio que em ti repousava deixava-me perdido entre estrelas, sem rumo no abismo de minhas clemências. Em minha súplica, rogo-te, Lua, que as noites de insônia não me devorem, pois é nelas que o universo se revela em meus olhos, lembrando-me do que foi e permanece como sombra.

Ah Lua, espelho que reflete a essência nas águas turvas, onde real e ilusório dançam em tênue harmonia. És o chamado do mistério, a voz da intuição que sussurra em meio às brumas da noite. Entre torres esquecidas e pesadelos uivantes, tu guias o errante com tua luz serena, ainda que enganes os olhos que não sabem ver. És a travessia pelos reinos do inconsciente, onde o temor e o sonho se entrelaçam, revelando, enfim, que só ao abraçar a noite escura é possível encontrar a verdade que dorme em seu seio.