O Som do Nada
Há um silêncio que não fala, mas grita. É o vazio que se espalha entre as paredes do peito, preenchendo com o que não existe. Nada floresce, nada vibra. Apenas o eco do nada insiste em voltar, como um sussurro surdo que não se pode ignorar.
Os dias passam, mas o vazio não passa. Ele caminha ao meu lado, como uma sombra que nunca se despede. O sorriso que busco não vem. O olhar que espero nunca me encontra. É como se o mundo tivesse ficado mudo para mim, deixando apenas o som abafado do meu próprio coração.
A noite cai, e o vazio parece mais pesado sob as estrelas. Mesmo a lua, que tantas vezes cantou ao meu coração, parece distante, fria, indiferente. O tempo, esse grande escultor de destinos, parece estagnado, preso no instante em que tudo se perdeu.
E quando o dia amanhece, trazendo sua luz tímida, ele não o preenche. Nem as cores do horizonte, nem o canto dos pássaros conseguem romper essa barreira invisível. O vazio permanece, indiferente ao movimento ao redor.
É um mar sem ondas, um céu sem nuvens. É o espaço entre as palavras, o silêncio entre as notas de uma música que nunca foi tocada. É a ausência. E dentro dela, estou eu.
Não sei se há fim para o vazio. Ele parece eterno, como um ciclo que recomeça sempre no mesmo ponto. E enquanto isso, eu caminho, carregando o peso leve do nada.
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