Retratos de uma vida
Me lembro de um tempo, de certos momentos que não voltam mais.
De estar junto ao meu pai, no sofá da sala vendo telejornais.
Lembro do tempo de criança onde os problemas eram mais fáceis de se resolver, e os corretivos que recebia de minha mãe doíam menos dos que hoje a vida me dá.
Lembro dos finais de semana que passava na casa de meus avós, onde as histórias de vida vinham acompanhadas de bolo e refrigerante.
Da correria na rua para arranjar o melhor esconderijo e o joelho ralado logo se curava.
E como esquecer da minha primeira namoradinha, aquela que morava na esquina de casa.
Lembro do tempo que bastava uma história contada por minha mãe para me fazer dormir, e como eu me sentia seguro no mundo.
Mas é claro que esses tempos não voltam mais, não há mais graça em ver TV, pois o meu amigo de outrora não está mais aqui.
E agora os problemas são quase impossíveis de serem resolvidos, eles se acumulam cada vez mais dentro de mim, e o meu coração palpita de uma maneira que não entendo como ele ainda está em meu peito.
As histórias que tenho hoje pra contar são as mesmas que quero esquecer, e não há lugar algum para me esconder deste jogo chamado vida.
Os amores que vivi em minha vida me deixaram marcas difíceis de curar, e as feridas deixadas parecem nunca cicatrizar.
Pessoas vieram e pessoas se foram, e esse ciclo parece nunca se encerrar.
Me tornei alguém totalmente diferente do que imaginava que seria quando crescesse, não virei astronauta, nem médico, a verdade é que não sei de verdade quem eu sou quando me olho no espelho.
E as histórias que hoje escuto antes de dormir me tiram o sono, e se torna cada vez mais comum passar noites e noites em claro.
A vida era boa, de verdade, mas não significa que essa ainda não possa ser.
Enxergar apenas os erros e as desilusões não me farão chegar a lugar nenhum.
Hoje não sei quem sou,pois passei tanto tempo tentando conhecer os outros que esqueci de conhecer a mim mesmo.
Eu não posso mudar o que aconteceu,mas posso escrever minha história a partir daí, e o que tiver que ser, será...
será?