O Trago do Sussurro
O remorso tragado desde a infância, trago do silêncio em que o abismo grita. A dor do tempo não passou como as folhas de outono: o refúgio para a ilusão do amor que não existe.
O trago cada vez mais forte, que pudesse relembrar sua trajetória no tempo. O tempo remoendo a vida, que passa pelos meus olhos nus. A vontade incessante dos seus olhos negros, que carregam a dor, o abismo, o grito, o trago das folhas.
O coração de ferro ferido inala o trago do abismo, que o corrói perante as estrelas num clarão do céu. O êxtase do espaço, repleto de escuridão, abriga o incerto.
O vício que amedronta grita no vasto do inconsciente, e, por um descuido, um sussurro o intriga. O remorso ressurge, e o desprezo pela vida lhe devora, lento, como o último copo de whisky que permanece pela metade. O último trago, mal tragado, não o alivia. O último sussurro sussurra, a morte pinga os pingos de whisky.