Tributo
Há uma colina onde meu olhar repousa. Tão distante, mas tão perto que o olhar a contempla... Ali, entre o pôr do sol e os montes desconhecidos, o peso do luto e o vazio que esculpe em mim. É um lugar seguro para contemplar o silêncio das perdas, o eco da ausência, e o murmúrio do tempo que insiste em passar feito um carrossel de criança feliz...
Os pássaros gorjeiam, enquanto o dia morre. Seus cantos atravessam as sombras e me lembram que, mesmo na escuridão mais profunda, há vida, há movimento, há algo que suaviza a dor. Não é o fim, não pode ser. É um convite à esperança — aquele fio tênue que entrelaça o pesar ao futuro.
Ontem, hoje, 19 anos ecoam em meu peito. Não como um vazio sem fim, mas como um canto melancólico que se transforma em memória viva. Não deixei de sentir saudade, mas aprendi a moldá-la, a carregá-la como se fosse uma joia que me conecta ao amor que nunca parte completamente.
Na colina, vejo o horizonte. Talvez ele guarde o desconhecido, talvez ele me guarde. Ainda assim, sigo, com o gorjeio como guia e a certeza de que há beleza, até mesmo nas sombras. 🌅