SILÊNCIO

Silêncio como respiração...

Perene, serena e vívida

Silêncio como conduta

Em dias barulhentos e em noites insones

Silêncio como combustível

Da vida, da sina ou da sobrevivência

Silêncio como bálsamo

Das dores, dos amores e das dúvidas que carcomem por dentro

Silêncio como coragem

Para cruzar o horizonte bárbaro dos reinos internos

Silêncio como raiva

Potente, construtiva e necessária

Silêncio como habilidade

De civilidade, de retórica e de total loquacidade

Silêncio como água

Para os sedentos por abrigo ou paz genuína

Silêncio como ímpeto e euforia

Aos que se cansaram das palavras desperdiçadas e das frases jogadas ao vento sem dó

Silêncio como preservação

Do eu, do ID e do EGO e da espera pelo Fim

Silêncio como morte

Do caos inerente à tudo e todos

Silêncio como jangada num rio revolto ou num lago maior que o mar

Silêncio como arte e cultura de um povo resumido ao indivíduo que se cansou dos ruídos externos

Silêncio como terapia permanente para os quebrados pelo som interminável dos descasos e leviandades

Silêncio como conforto e aconchego

Pra quem não dorme há eras e não encontra alívio na música do cotidiano

Silêncio como hóstia aos que tem fome de redenção ou absolvição distantes

Silêncio como alvorada pra mim que vivo numa noite eterna

Silêncio como companhia

Aos solitários que buscam solitude

Silêncio como sanidade

Para os loucos cheios de razão

Silêncio, enfim, como resposta

À tudo e à todos que deixam-no como a nossa única alternativa

Caio Braga
Enviado por Caio Braga em 20/11/2024
Código do texto: T8201226
Classificação de conteúdo: seguro