Antes do Fim
Se nada mais há para ser dito, deixa tudo como está. Cada um em seu universo particular. Faz da sua própria história a lenda pessoal, repleta de verdades inventadas, e da poesia que não existe mais. São outros corações inabitados. Outros desertos que não conhecem o oásis. O ofício da escrita pode ser feito de labuta, força bruta ou inquietude. O amor por escrever o que vai na alma pode ser um pouco de cada coisa, todas as coisas em uníssono. Ou um grande vazio a dar vazão àquilo que precisa transparecer. Sem maiores teorias, com mais dúvidas que certezas. Palavras. O avesso das sentenças exatas. O mar de possibilidades. Infinitas. Íntimas. Secretas, não mais. Se é de si ou somente para o outro pouco importa. Esse encanto, essa magia de construir, de criar, de ser um tanto desse divino que nos habita, é tudo que basta. Arte foi feita para os sentidos. Se não existe sensibilidade no receptor, nada invalida a criação poética. A estética de uma prosa que poderia ser conto ou crônica. Os arrepios de quem se deixa antever nas entrelinhas. Há feitiço, e uma porção de mistérios que nem precisam existir. Se há algo ainda para ser dito, seria apenas: escreva!
*Si*