pedra por cima de pedra

se só por um momento, um instante, um piscar, um suspiro de ti em matéria e juntura quase dentro de meu corpo de tão perto e dentro dessa rapidez, milênios de ti encostado em meus braços, teus cílios derrapando contra meu pescoço e meus lábios com gosto salgado da tua fronte oleosa e brilhante.

só te peço a eternidade catada do chão do que ficou das nossas palavras e do teu silêncio, colocada num licuri maduro, com seus pelos marrons e poeira da areia da terra de nosso quintal. licuri nosso planeta e dentro dele tudo, tudo o que podemos fazer, todo o tempo do licuri, todas as perguntas e respostas sobre os habitantes, todo o possível afeto que pode incutir, enfiar no meu coração que está morto. só tua água doce, só a tua água doce e o seu aroma é capaz de ressuscitá-lo, depois de ter feito tantos caminhos desertuosos.