Monstro sagrado profano:

Monstro sagrado profano:

Há um território onde o sagrado e o profano dançam juntos,

um lugar onde o divino toca o mundano,

e o ordinário se reveste de mistério.

É ali, entre a prece e o grito,

entre o templo e a taverna,

que a alma humana revela sua plenitude.

O sagrado não se limita aos altares de mármore,

nem o profano se encerra nos becos sombrios.

O sagrado está na mãe que embala seu filho,

na gota de orvalho que beija a pétala ao amanhecer.

O profano, por sua vez, vive no riso descontrolado,

na taça de vinho compartilhada entre amigos,

na imperfeição que nos faz humanos.

Quem separa o sagrado do profano,

talvez esqueça que ambos nascem da mesma fonte.

O sagrado, com sua gravidade silenciosa,

nos lembra da transcendência,

do que está além do toque, além do olhar.

O profano, com sua leveza irreverente,

nos ancora no agora,

na carne que sente, no instante que pulsa.

Seria o sagrado mais elevado que o profano?

Ou seria o profano o chão firme para o voo do sagrado?

Talvez não haja resposta,

pois é no paradoxo que habitamos,

nessa corda bamba entre o céu e a terra,

onde aprendemos a dançar com o mistério.

E assim seguimos,

sacralizando o que é comum,

profanando com amor o que é sublime,

pois no fundo, tudo é vida,

e a vida, essa grande incógnita,

é por si só um altar e uma festa.