Atmosfera
Ela dançou com a eletricidade em suas veias,
Berrou o grito dos silenciados,
Repensou as pirâmides do Egito,
Cantou para ouvidos tapados.
Suas palavras cristalinas eram transparentes a olhos nus.
Cada poro de seu corpo, em êxtase, recebeu o “lá” para afinar sua orquestra.
Lavou os cabelos com quem batiza a alma.
Desaguou, feito rio, a possibilidade da liberdade.
Com fogos de artifício no estômago, disse “oi” ao reflexo, que, agora menos perverso, acenou de volta.
Bebeu na fonte as palavras que a supriram.
Sentou-se perante príncipes,
Desejou ser real.
Sangrou em vermelho escarlate, não azul.
Tropeçou perante o público, aproveitou e lançou-se ao chão.
Agora, em solo, não temia a queda; afinal, amou repousar um pouco seu corpo cansado, sua cabeça sem coroa e seus olhos curiosos.
Já não almejava mais a coroa,
Ela queria dançar com os plebeus,
Afinal, quem dança seus males espanta!