Porto solidão
Porto solidão
Hoje ancorei na solidão do meu quarto, enquanto meu coração navegava nas asas da saudade, que insistia em machucar minha alma, já cansada de sofrer com as tristezas desta vida. Eram repetidas batidas em ritmo acelerado como que gritasse por socorro, sem ter alguém que ouvisse seus clamores, em desespero busquei por uma lembrança, algo que trouxesse você, viajei no tempo voltei ao passado recente e te busquei.
Te encontrei ali, sentado feito menino, olhar perdido, as lembranças de seu passado povoavam sua mente, lhe trazendo dor e amargura, decepções e uma dor enorme corroía sua alma. Eu não podia fazer muito, mas ser sua amiga era viável naquele momento. Foi assim que nos tornamos grandes amigos, confidentes, cúmplices de tal maneira, que existe uma entrega mutua entre nós, sem reservas e sem cobranças de qualquer coisa. Existe um sentimento lindo, verdadeiro, intenso, capaz de resistir a distância e sobreviver no tempo.
Depois de algum tempo desta sólida amizade, meu coração ironicamente se rebelou contra mim, fez exatamente o oposto de minha vontade, se apaixonou perdidamente por essa pessoa, confesso viver distante de seus beijos, de seus carinhos, de nossos corpos juntinhos está difícil suportar. Consigo até sentir o cheiro do suor do teu prazer molhando meu corpo, sinto sua boca roçando minha flor, tirando todo néctar, deixando me extasiada de prazer. Imagino como seria nossas vidas se fossemos jovens, viveríamos um amor lindo e vigoroso de causar inveja. Nem você estaria sofrendo com este teu passado, nem eu viveria neste porto solidão onde sempre me encontro.
Escritora Luzia Couto
Lei 9.610/98
Ipanema Minas Gerais Brasil. 28/08/2020 16:50