Quando o sino toca

 

 

 

Quando o sino toca

 

Nem sei mais porquê tocam os sinos, senão para me fazer no tempo viajar... dos tantos lugares que passamos e das ilusões que alimentamos e de outras emoções que em silêncio sentimos e que guardamos... doce, ternas recordações suas, sempre levarei.

 

Não tem uma só vez que eu ouça um sino tocando, que a minha alma não vá encontrar você, quando me dizia que um sino nunca toca em vão, existe sempre um anjo abençoando, quem de joelhos dobrados ao chão, fecha os olhos e pede algo que só quem atende é o divino. Saudades.

 

Penso nos caminhos pelos quais não quis que eu fosse, e que neles, eu insisti, mas cada vez que deles retornei, chorando... sem me dizer uma só palavra, de mim cuidou, tanto ao seu amor que eu não compreendia, feito criança que caiu do balanço em soluço, eu me entreguei tantas e tantas vezes, mamãe, ao seu verdadeiro amor. E dele, hoje eu sinceramente sei.

 

Você foi como uma chuva que molhou a minha vida deserta, no calor do sol da desobediência, quando toda semente debaixo da terra esturricou... Ela, que me retirou dos tantos abismos em que cai, ensinou-me a abrir a alma para as flores mais lindas do seu jardim, me guiou pela estrada, que se chamava amor, o mesmo amor que fielmente você em cada um de nós, semeou. Como eu queria hoje poder lhe pedir o meu perdão, perdão, milhões de vezes perdão, por cada vez que lhe fiz chorar... e pelo tanto de trabalho que dei, foi na minha juventude, hoje eu sinto que foi ali que tanto desobedeci você e por isso eu pequei?

 

Nada está igual, as minhas lágrimas derramadas por tua ausência, não secaram... Eu procuro no meu peito arrependimento, encontro somente um vazio que me arrasta toda através do tempo, feito uma poeira desenfreada, cegando os meus olhos, confirmando a saudade, feito espinho agudo que fere um coração, esse amor sem jeito que trago e que queima feito brasa, no toque daquele sino ao longe, tão longe, como se fosse você me chamando, e me dizendo não sofra, viver é mesmo essa mistura de erros que ao longo da vida vai nos ensinando, e o sino insiste, lentamente ele vai tocando, tocando... e fundo toca o meu coração.

 

Liduina do Nascimento

 

°
Enviado por Liduina do Nascimento em 12/11/2024
Reeditado em 14/11/2024
Código do texto: T8195287
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.