Temperança

Encapsulados por pele ou madeira, chegamos e partimos sós.Apesar dos medos delirantes, há muita solidão compartilhada: nos monólogos, olhares distantes, desinteresse velado.

Ainda que façamos disto um tabu, a solidão nos pertence. Ninguém é feliz sem saber ser feliz sozinho, ainda que as pressões sociais digam o contrário.

Questiono-me a origem do medo de seguir nossa natureza.

Ser social , diferencia-se, de ter que ser social.

Necessito de minhas raízes para me manter de pé e elas são só minhas. Quando completo só, é belo ceder temporariamente minha solidão a uma companhia.

Equilibrar o solo e o grupo, o vazio e cheio, a alegria e tristeza..nas espirais infinitas.Há quem se iluda em relações vazias; quem, temeroso planeje vidas inteiras para quem mal conhece, e quem oprime com a culpa moral.

Não seria preferível olhar a vida com leveza? Descobrir a beleza do amor, da saudade, da companhia e solidão ? Entender que todos têm suas rotas e que, inevitavelmente existem muitas direções.

Contemplar a correnteza incerta a qual carrega flores ao infinito percebendo a beleza sublime do caminho. Ao realmente enxergarmos o mundo percebemos que nunca estamos completamente sós; preenchemos-nos da fauna, flora, cultura e VIDA.

Permitir-se mergulhar em águas escuras com a tranquilidade da certeza de que tudo tem seu próprio fluxo e seguirá a natureza até o último encontro entre o rio e o mar.

Enna Luz
Enviado por Enna Luz em 09/11/2024
Código do texto: T8193104
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