Declino do pensar

Lá vem, ao longe, adverso ao meu anseio

Um trem ligeiro, sem freios

Nos trilhos infindos de mim

Atulhado dos meus próprios passageiros

Transeuntes do meu pensamento

Frenético ir e vir sem fim

E amanheço, entardeço e anoiteço

E amanheço

Fatigado, ora, peço:

— Mente que mora em mim,

dá-me o prazer de que ficar,

por ora, inerte!

E nessa vastidão de mim

Que seja eu mera criatura só

Só silêncio e breu

Sem os ruídos de pensar

Sem a claridade de um sol inteiro

E que na minha utopia

Tu não me tenhas dó

Porquanto me apetece ser, inteiramente, só

Ao menos um dia

Que não me aflija o pensar

E seja minha inquietude, por um instante [só], calmaria.

Acarla
Enviado por Acarla em 07/11/2024
Reeditado em 03/12/2024
Código do texto: T8191719
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