Liquidez

Às vezes, a gente sente que está perdendo algo.

Como um líquido sagrado que, na tentativa tola de manter nas mãos, escorre entre os dedos.

A tentativa se torna primeira, e o líquido, secundário.

A urgência de reter.

A ânsia de perder.

O tic-tac do relógio e as mãos vazias anunciam a finitude.

É sagrado o líquido, a tentativa, a perda?

De mãos molhadas, porém vazias,

vê-se o líquido quente, vermelho, que cheira a ferro:

era vida.