[Meu Teorema: Um Projeto]

Noite lenta...

Saindo da cidade.

O tanque do carro cheio de gasolina

além da necessidade — até o gargalo!

A noite, a estrada solitária, as sombras,

as aves noturnas sobre as últimas casas,

a trivialidade da vida que não desiste,

ainda que tenha tudo contra si:

um pipoqueiro empurrando

o carrinho de volta para casa,

uma puta descuidada atravessando a rua,

o painel do carro aceso para o nada

do meu rosto lívido, frio...

A vida toda, todinha errada,

o salto no abismo da Serra do Mar:

a pira acesa no fundo escuro do pé da montanha,

encerra todas as dúvidas;

enfim, o teorema realizado:

C[eu]Q.D., desde que nasci.

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[Penas do Desterro, 16 de janeiro de 2008]