Esta foto é de minha autoria (grande bosta!! Dirá alguém) e foi feita em Mutuca (Morro do Coco), 12º Distrito de Campos dos Goytacazes/RJ, no alto de um morro bem verde e com linda vista da Pedra Lisa e Baú, Garrafão etc.
Bosta e Cogumelo
Val-Larbacky 2007
Quando o Bos taurus que passou por aqui e me deixou em meio a este capinzal ele não o fez para sufocar a parte do imenso verde que eu cobri. Foi por função natural de vida que fui deixada aqui esverdeada, mole e quente em disfarce protegido pelo pasto. Sou uma porção fecal espontânea que teve a sorte, por assim dizer, de não ser pisoteada e consequentemente desfigurada. Aqui fiquei na minha condição de bosta, que é a denominação melhor que as criaturas humanas puderam me dar como registro de algo “nojento” e por isso mesmo desprezível, segundo sua visão distorcida da verdadeira realidade. Neste imprevisível lugar fiquei a receber o calor do sol e o suave e refrescante sereno noturno. Essa alternância possibilitou uma verdadeira revolução química em meu todo, que redundou neste lindo cogumelo, meu eu nascido de mim; eu mesma renascida. E ele passeia sua sombra de cogumbrela, quase uma flor, por todo meu corpo boseiral, em consonância com a luz emanada do Sol. Entendo que tal ato é o jeito natural deste meu eu externo e distinto retribuir a vida que recebeu por minha involuntária (?) intermediação.