Sob o Véu da Chuva
O dia amanheceu com chuva. E, na medida em que a manhã ia se formando, em vez de se clarear, a escuridão se manteve. O céu estava carregado, cinzento, entornando sobre nós suas nuvens pesadas e silenciosas.
Nesses dias, parece que meu espírito reconhece algo. Ele se alegra e admira belezas; cada gota, folha ou flor caída revela pequenos vestígios de um tempo mais suave. O frio vem disfarçado na brisa refrescante e nos pingos que caem na pele descompassadamente.
Tudo é silêncio, exceto pelo som da chuva que parece compor uma melodia íntima. Sinto como se cada gota me contasse uma história esquecida. Sinto-me parte dela, como se minha alma se diluísse em cada gota e fluísse pela terra, buscando repouso.