Oh, morte

Oh morte, honrosa morte, por que tu vieste tão depressa, numa abreviada hora? Poderia simplesmente vir me encontrar, noutra rota, meio assim, simplesmente sem demora.

Oh morte, inesperada morte, porque tu não disseste que viria, pois assim me despiria, completaria minha despedida, com alguém desabafaria, choraria de alegria, esbanjando simpatia.

Oh morte, súbita morte, apressada morte, por que agora lembras de mim, se meu pensar em ti não és tão nobre?

Oh morte, silenciosa morte, inconfundível morte, porque não se perde no caminho, enquanto me encanto num sorriso, me abrigo noutro riso?

Oh morte, inevitável morte, soberana morte, chegue com carinho, peço que espere só mais um pouquinho, enquanto demasiadamente me embriago, degustando um bom vinho.

Oh morte, inexplicável morte, me procura lá no Norte, pelo menos se esforce, assim lhe faço uma visita, mesmo assim me deseje boa sorte, ao menos me conforte, não deixe que eu desista, me deixando bem mais forte.

Oh morte, inaceitável morte, intrigante morte, misteriosa morte, espero que apareça, antes quero que meu desejo conceda, que qualquer dúvida esclareça, que todo medo desapareça.

Oh morte, inesquecível morte, indispensável morte, não deixe que eu me esqueça, nem mesmo que eu perceba, quem sabe assim você me entenda, tão logo me convença, porém, antes disto me conheça, revire meus pensamentos, descubra meus sentimentos, invada todos meus sentidos, deixe que eu declame em seus ouvidos, enquanto ali finalmente adormecemos.

Carlucho Bueno
Enviado por Carlucho Bueno em 30/10/2024
Código do texto: T8185531
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