Poesia barata
Eu sou aquela rosa que ficou esquecida ao sol, ninguém veio retirar... e nem regar... tendo todas suas pétalas ressequidas, postumamente caídas ao chão.
Eu sou aquela velha canção que esteve na boca de todos, hoje sequer lembram do refrão. Eu sou aquele velho colar que dava um "glamour ao visual", e findou esquecido dentro do porta jóias. Eu sou a matriarca da família, que em tempos de outrora, fora alicerce, conselheira... hoje não mais... apenas uma viga teimosa carcomida pela ferrugem, sem qualquer utilidade. Eu sou dente de leite que foi marco da velha infância: primeiras balas, doces, chocolate, chiclete, pirulitos... hoje, sequer as fadas vieram resgatar. Eu sou aquele velho jogo de cama que a decorava em dias de domingo e de visitas, cheio de rendas e remendos, amarelado tornou-se, ultrajante, ignorado... bem como as toalhas de mesa que saíram de moda... servindo apenas para fazer volume dentro do guarda roupas. Eu sou aquelas pratarias que os donos da casa deixaram de enfeites e nunca usaram, tornando-se obsoletas demais e parte da herança dos herdeiros. Sou roupa fora de moda com cheiro de naftalina, que sequer doaram... guardada inutilmente dentro da gaveta. Sou aqueles sapatos que percorreram tantos caminhos, hoje se desmancham dentro do closet. Sou velho livro que proporcionou viagens fantásticas sem sair do lugar... agora com folhas amareladas e cheio de mofo, foi parar num caixote dentro do porão. Sou remédio que perdeu a validade mas ninguém notou, ficando na maleta de medicamentos, ocupando espaço que não precisaria. Sou enredo de escola de samba que ninguém lembra mais o ritmo. Sou caneta que perdeu a tinta, lápis que perdeu a ponta, apontador enferrujado... poesia que ninguém quer ler porque é cheia de blá blá blá... e por ser tudo isso, por aqui vou terminar. Se você não entendeu nada, leia novamente, ou nem tente, sou poesia barata que se perdeu na triste sina... sem métrica, sem rima... sem estrofes, sem versos... sem sentido algum... que quis so(mente) se reinventar... sou poesia que ninguém leu e quem leu, nem vai mais se lembrar.