O Jangadeiro e o mar.
Chagaspires
Na fria madrugada a luz do luar ilumina a jangada que parte sorrateira mar a dentro.
O rastro luminoso que deixa na rota faz despertar o jangadeiro ainda sonolento de saudades dos braços quentes da amada que ficou.
Parte em busca dos peixes que irão ajudar no sustento da prole.
As altas ondas sacodem a jangada de um lado para o outro como uma folha açoitada pelo vento.
Num zigue-zaguear constante o pequeno barco é tragado pelo mar furioso.
Num branido ululante as ondas se quebram na areia da praia.
Entre soluços cortantes a esposa espera o jangadeiro amado que não há de voltar.
As lágrimas que caem dos olhos vermelhos aumentam as águas que formam o mar.
E na noite sombria a lua em sua agonia se esconde entre as nuvens sem querer ser testemunha de mais um romance desfeito.