Confissões de outono

Quantas ruas terei percorrido e nem percebi, quantas normas quebrei, quantas sombras e sonhos terei vivido e ainda estou aqui, enquanto a vida se dilata ninguém te dirá que essa pode ser a última vez,

Sempre aguardo essa encruzilhada, que vem como uma luz dispersa e incesante, vigília de memórias perdidas irremediavelmente, como o rumor dessas multitudes que ficaram perdidas no espaço e no tempo,

Neste outono confesso que criei tantas criaturas ávidas de silêncio, mais também falam palavras que queimam ardendo nesse fogo abandonado e que explodem como bombas relógio,

Quantas vezes construí tudo e destruí tudo dentro de mim, nesse afã de mostrar meus pedaços, tentando desarmar as armas que ainda me restavam , tudo tudo atravessa e divide, como essas promessas de um céu azul com crueldade,

Neste outono confesso cada memória e cada lágrima, mais ficou algo comigo que nunca perdí, como uma página aberta com sentimentos encapsulados brilhando no vazio dos anos .

Diego Tomasco
Enviado por Diego Tomasco em 29/10/2024
Reeditado em 29/10/2024
Código do texto: T8184587
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