Quieto corpo corre a alma
Manhã de domingo...
Deitada na cama
Na pia alguns pratos por lavar
E dentro de mim a alma lavada...
Ilusório e constante contraste
Enquanto o corpo nada faz
A alma se lança a conquistar o mundo
Percorrendo o espaço
Ao sabor dos ventos dos meus humores
Visitando dores, amores...
Preenchendo, escutando, perscrutando
Vai ela, a minha alma, por caminhos que minhas próprias pernas possivelmente não chegarão...
Nesse momento desejo só ser ela...
A alma livre que vai onde é
Que busca só estar
Porque sabe o que é ser
Com quase piedade a minha alma olha o meu corpo deitado, quieto, silencioso...
Como se o meu corpo não desse conta da minha alma intrépida, veloz, perspicaz e astuta que tem ânsia de vida e de mundo...
Ao mesmo tempo a minha alma reconhece e agradece ao meu corpo quieto, na manhã de domingo, deitado na cama...
Porque ele, o meu corpo, foi sensível e se aquietou, minha alma então se expressou...
Ilusório e constante o contraste
Horas acho que sou meu corpo animado pela minha alma
Horas penso que sou alma a animar o meu corpo
E enquanto estou com o corpo deitado, imóvel, na cama na manhã do domingo,
também sou alma, que ama e move o mundo.