Quieto corpo corre a alma

Manhã de domingo...

Deitada na cama

Na pia alguns pratos por lavar

E dentro de mim a alma lavada...

Ilusório e constante contraste

Enquanto o corpo nada faz

A alma se lança a conquistar o mundo

Percorrendo o espaço

Ao sabor dos ventos dos meus humores

Visitando dores, amores...

Preenchendo, escutando, perscrutando

Vai ela, a minha alma, por caminhos que minhas próprias pernas possivelmente não chegarão...

Nesse momento desejo só ser ela...

A alma livre que vai onde é

Que busca só estar

Porque sabe o que é ser

Com quase piedade a minha alma olha o meu corpo deitado, quieto, silencioso...

Como se o meu corpo não desse conta da minha alma intrépida, veloz, perspicaz e astuta que tem ânsia de vida e de mundo...

Ao mesmo tempo a minha alma reconhece e agradece ao meu corpo quieto, na manhã de domingo, deitado na cama...

Porque ele, o meu corpo, foi sensível e se aquietou, minha alma então se expressou...

Ilusório e constante o contraste

Horas acho que sou meu corpo animado pela minha alma

Horas penso que sou alma a animar o meu corpo

E enquanto estou com o corpo deitado, imóvel, na cama na manhã do domingo,

também sou alma, que ama e move o mundo.

Tatiana Maíta
Enviado por Tatiana Maíta em 27/10/2024
Reeditado em 31/10/2024
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