De quant à soi
De nada sei desses colóquios interiores que eu mesma me faço. Distancio-me dos burburinhos de dentro para não fugir de mim mesma. É que já me disseram que falo demais. Preciso calar. Sou pobre e ansiosa e a voz grita pelos corredores da alma. Nunca frequentei o grenier Goncourt, não fui aconselhada por Maupassant a não escrever (nada de fascinante nisso), nem falei várias vezes com Mérimée em sua casa ou na rua... Sim, é óbvio que sou muito pobre e ansiosa e nunca, na verdade, saí de meu próprio quintal interior. Minhas ambições de voo fracassaram. Mas... fome mental eu não passo. E conservo minha liberdade intelectual de não escravizar minha capacidade de avaliação, minha independência crítica. Sou Flor de Pergaminhos antigos e nunca me perguntaram de quant à soi.