Os vigias
São olhos que observam de longe, mas miram de perto; bocas que sussurram com o peso de quem conhece os segredos de todos os corações. Gostam de rondar, feitos vento que se esgueira pelas frestas, mas sem o silêncio da brisa. Trazem opiniões como verdades, adentram o que não lhes pertence, e, feito jardineiros de flores alheias, tentam podar os galhos que não são seus.
Essas almas, inquietas e invasivas, se alimentam da curiosidade de um mundo que lhes escapa, na ânsia de encontrar no outro o reflexo das próprias dores. Não percebem que, ao pisar nas trilhas de outras vidas, apagam rastros que jamais entenderão, traçam sombras onde havia luz, sem notar que a beleza de cada passo está no caminho único que cada um é chamado a trilhar sozinho.