Os vigias

São olhos que observam de longe, mas miram de perto; bocas que sussurram com o peso de quem conhece os segredos de todos os corações. Gostam de rondar, feitos vento que se esgueira pelas frestas, mas sem o silêncio da brisa. Trazem opiniões como verdades, adentram o que não lhes pertence, e, feito jardineiros de flores alheias, tentam podar os galhos que não são seus.

Essas almas, inquietas e invasivas, se alimentam da curiosidade de um mundo que lhes escapa, na ânsia de encontrar no outro o reflexo das próprias dores. Não percebem que, ao pisar nas trilhas de outras vidas, apagam rastros que jamais entenderão, traçam sombras onde havia luz, sem notar que a beleza de cada passo está no caminho único que cada um é chamado a trilhar sozinho.

Jhonnathan Pereira
Enviado por Jhonnathan Pereira em 26/10/2024
Código do texto: T8182419
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