Feitiço de vidro
Há um encanto frio que nos recobre, como uma fina camada de gelo que reluz em silêncio. Feitiço de vidro, frágil e translúcido, onde as luzes se espalham e as sombras se duplicam.
Em meio a esse brilho quebradiço, nos encontramos: corpos entrelaçados e olhares mergulhados em uma superfície de cristal que nos reflete e distorce.
Tudo parece suspenso, brilhante e quase eterno. Mas, ao menor toque, pode se estilhaçar, revelando o vazio do que parecia completo. É como um espelho quebrado, refletindo sem revelar, guardando segredos sem ameaçar. Eles se veem, mas sabem que não podem tocar a verdade que pulsa além do vidro, onde as formas se perdem e os contornos desabam. Entre as fendas, seus reflexos se fragmentam em pedaços que nunca poderão se unir.
Feitiço de vidro: belo e cruel. Tão próximo e tão distante quanto o desejo de um amor impossível, onde cada toque pode ser o último.