E aí, tempo?

E aí, Tempo? Tudo bem? Bom, você nunca me responde, mas eu continuo falando, né? Faz sentido, afinal, você é o Tempo. Não tem tempo pra bater papo. (Pausa) Piadinha horrível, desculpa.

Cara... você é complicado. Dizem que cura tudo, mas eu acho que você só gosta de complicar as coisas, sabe? Quando eu tô querendo que você passe rápido, você se arrasta. Quando eu quero que as coisas demorem, aí você corre como se tivesse uma maratona pra vencer. Qual é o teu problema, hein? A gente poderia ser tão parceiro... mas você insiste em ser essa entidade esquisita.

Sei lá, às vezes eu sinto que você tá zombando de mim, sabe? Tipo agora... olha pra mim. Eu tô aqui, confuso, perdido, tentando entender a vida. Tentando superar algumas coisas. Acho que você já deve estar cansado de me ouvir reclamando. Mas não é fácil, sabe? Você me jogou umas boas, hein? Aquela fase de desgosto, aquele sentimento de saudade... Ah, saudade... Isso é culpa sua também, né? Você e essa mania de levar as coisas embora.

Eu tô tentando, juro! Superar, me levantar, ser alguém melhor. Mas, cara... tem hora que você não colabora! Um dia eu tô feliz, sentindo que tô dando conta de tudo, no outro eu acordo com aquela sensação de que algo foi embora. Como se eu estivesse atrasado pra alguma coisa... e nem sei o quê! Você já me deu algumas rasteiras, e olha, eu não sou bom de corrida!

Você lembra quando eu era criança? Claro que lembra, você tava lá. Eu adorava quando você passava devagar. Um dia durava uma eternidade! Eu brincava, corria, sem nenhuma preocupação. Tudo era simples, né? Agora... você me pressiona, me deixa pensando em contas, futuro, decisões importantes. Decisões que eu nem sei como tomar! Me ajuda aqui, Tempo!

Será que eu tô indo na direção certa? Ou será que eu tô só... sei lá... correndo em círculos? Porque, olha, se tem uma coisa que eu sei, é que você, Tempo, não é muito de dar segundas chances. E, sinceramente, às vezes eu queria que você desacelerasse. Dá uma folga!

Mas, eu entendo. Eu acho... acho que você faz isso porque é assim que a gente aprende, né? Você leva embora o que precisa ser levado, e traz o que a gente precisa enfrentar. Você me ensinou que algumas dores se desfazem, outras ficam pra sempre. E que a saudade... bom, ela é a tua marca registrada, né?

Você já me trouxe alegria, tristeza, e eu não sei se agradeço ou te dou uma bronca. Mas sabe, Tempo... mesmo você sendo esse amigo meio esquisito, meio imprevisível... eu acho que preciso de você. Porque no final, você me empurra. Mesmo quando eu não quero, você me força a seguir em frente. E talvez... talvez seja isso que eu realmente precise.

Então... valeu, Tempo. Eu ainda não te entendo muito bem, mas... tamo junto, eu acho. E, por favor... pega leve amanhã?