O TEMPO DOS VERBOS
No princípio ... eram os verbos (e somente eles)
Calmos ... silenciosos ... quietos ...
A que assim s'encontravam ... abrigados no útero do tempo
E no seguro ventre d'onde, pois, estavam... lá se achavam
Repousados no plasma de su'essência ... (pura... imaculada)
Ah, místico solo do abstrato cosmos!
A brotar de seu coração tudo o que se faz e se move
Do tempo que não permite a teimar parado o que nele se há
E, portanto, existe
Mas, d'onde então nascera o que "está" ou mesmo que só s'esteve?
Julgari'alguém ser e ter algo aqui ... nascido do nada?
Oh! decerto estaria fugindo para não sei onde, diante de tal asneira
a que em sua mente nisto acreditaria
E brigo até o fim de quem de mim agora discorda
Porém, que me permitem voltar aos verbos
Dos que no início vede qu'então eram:
Sossegados ... tácitos ... fleumáticos ...
A dormirem plácidos ... na matriz de su'essência
E, portanto tudo igualmente dormia:
Todos os substantivos, de quem filhos eram ... de seus verbos
E s'eles – os verbos - não estavam, muito menos
suas crias ... seus rebentos
Ao que por isso desejo algum s'existia
Nem sonho algum se permitia
Visto que não se achava ... o desejar nem sequer ... o sonhar
O ódio não também lá não s'encontrava
Já que até aquele momento se desconhecia ... o odiar
E nenhum gosto ali se tinha ....(simplesmente nada)
Porque não se apresentava [ainda] ... o gostar
E mesmo a morte naquela hora não se havia
Quanto não se tinha, portanto, ... o morrer
E o próprio viver ... dormia
E nas profundezas desta tão inanidade
Tudo era vácuo... tudo era silêncio
E subitamente, os verbos s'encarnaram
Pelo que surgiram num'hora ... da própria eternidade
E se vestiram cada qual o seu devido traje
Chegou, então a sua "era" (o seu "tempo"), a qu'então não apenas eram
Acordaram-se
Já não era sem tempo!
Todavia, pelo inverso de que nascemos nós, os humanos
A qu'eles com alegria porquanto vieram
E com dores s'expandiram ... no coração do tempo
Oh! Quanto movimento na espuma quântica do vital espaço!
Dos verbos a carregarem em seus braços tudo o que transitivo era
Ah! Os verbos!
Tudo foi feito ... por eles
E nada do que se fez, foi feito sem eles!
E nest'instante o Amor era também tocado
Ainda que indiretamente, já que havi'agora ... o amar
Como também a Esperança, embora escondida estava
(e oculta está ... até hoje)
Dado que s'existia, ainda que impaciente, o ansioso esperar
Enfim, a Vida ali se sentia
Uma vez que entrou no espaço ... o viver
E há abraços e beijos
Dado que assim se faz por se ter enfim, o abraçar e o beijar
Mas, e a morte?
Ah, a morte, ao que a ela retorno
Daquela que todos tanto a temem
Eis que presente também entre nós passou a habitar
Em virtude que neste momento s'encontra (agora) ... o morrer
Faz-se lógico!
Oh! Quanta pena se fazia ao que Deus outrora os verbos via:
Tão estáticos e inúteis!
Como que mortos!
E dado ao que foi dito, se no princípio eram os verbos ... (e somente os verbos),
agora são também ... substantivos ... adjetivos ... advérbios ...
Todos, filhos dos verbos, sem os quais nada então haveria d'existir
E assim, começou e se faz até hoje ... "o tempo ... dos verbos"
18 de outubro de 2024
IMAGENS: FOTOS REGISTRADAS POR CELULAR
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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES
O TEMPO DOS VERBOS
No princípio ... eram os verbos (e somente eles)
Calmos ... silenciosos ... quietos ...
A que assim s'encontravam ... abrigados no útero do tempo
E no seguro ventre d'onde, pois, estavam... lá se achavam
Repousados no plasma de su'essência ... (pura... imaculada)
Ah, místico solo do abstrato cosmos!
A brotar de seu coração tudo o que se faz e se move
Do tempo que não permite a teimar parado o que nele se há
E, portanto, existe
Mas, d'onde então nascera o que "está" ou mesmo que só s'esteve?
Julgari'alguém ser e ter algo aqui ... nascido do nada?
Oh! decerto estaria fugindo para não sei onde, diante de tal asneira
a que em sua mente nisto acreditaria
E brigo até o fim de quem de mim agora discorda
Porém, que me permitem voltar aos verbos
Dos que no início vede qu'então eram:
Sossegados ... tácitos ... fleumáticos ...
A dormirem plácidos ... na matriz de su'essência
E, portanto tudo igualmente dormia:
Todos os substantivos, de quem filhos eram ... de seus verbos
E s'eles – os verbos - não estavam, muito menos
suas crias ... seus rebentos
Ao que por isso desejo algum s'existia
Nem sonho algum se permitia
Visto que não se achava ... o desejar nem sequer ... o sonhar
O ódio não também lá não s'encontrava
Já que até aquele momento se desconhecia ... o odiar
E nenhum gosto ali se tinha ....(simplesmente nada)
Porque não se apresentava [ainda] ... o gostar
E mesmo a morte naquela hora não se havia
Quanto não se tinha, portanto, ... o morrer
E o próprio viver ... dormia
E nas profundezas desta tão inanidade
Tudo era vácuo... tudo era silêncio
E subitamente, os verbos s'encarnaram
Pelo que surgiram num'hora ... da própria eternidade
E se vestiram cada qual o seu devido traje
Chegou, então a sua "era" (o seu "tempo"), a qu'então não apenas eram
Acordaram-se
Já não era sem tempo!
Todavia, pelo inverso de que nascemos nós, os humanos
A qu'eles com alegria porquanto vieram
E com dores s'expandiram ... no coração do tempo
Oh! Quanto movimento na espuma quântica do vital espaço!
Dos verbos a carregarem em seus braços tudo o que transitivo era
Ah! Os verbos!
Tudo foi feito ... por eles
E nada do que se fez, foi feito sem eles!
E nest'instante o Amor era também tocado
Ainda que indiretamente, já que havi'agora ... o amar
Como também a Esperança, embora escondida estava
(e oculta está ... até hoje)
Dado que s'existia, ainda que impaciente, o ansioso esperar
Enfim, a Vida ali se sentia
Uma vez que entrou no espaço ... o viver
E há abraços e beijos
Dado que assim se faz por se ter enfim, o abraçar e o beijar
Mas, e a morte?
Ah, a morte, ao que a ela retorno
Daquela que todos tanto a temem
Eis que presente também entre nós passou a habitar
Em virtude que neste momento s'encontra (agora) ... o morrer
Faz-se lógico!
Oh! Quanta pena se fazia ao que Deus outrora os verbos via:
Tão estáticos e inúteis!
Como que mortos!
E dado ao que foi dito, se no princípio eram os verbos ... (e somente os verbos),
agora são também ... substantivos ... adjetivos ... advérbios ...
Todos, filhos dos verbos, sem os quais nada então haveria d'existir
E assim, começou e se faz até hoje ... "o tempo ... dos verbos"
18 de outubro de 2024