Não podem abraçar-me só porque sim.
Palavras sopradas pelo vento voam em minha direção. E abraçam-me.
Só porque sim.
Visualizo o momento, num retrato a preto e branco.
Levanto a mão, como faria qualquer índio, num gesto de paz, e conquisto o direito de ser ouvida. As palavras caem-me aos pés, rendidas. Sabem que os blocos de gelo também choram quando derretem. Não podem abraçar-me só porque sim.
A distância sobrevive, salgada como a água do mar, que respira ondas. Eu respiro silêncios, despedidas, esperas e nadas. A resiliência de quem aprendeu a ser e estar, como quer ser e quer estar.
Reconcilio-me com o vazio que nem sinto. Não me desinquietem as sombras que se aninham em palavras vãs.
Não me abracem.
Não podem abraçar-me só porque sim.