Fome de desertos

Me calo diante da busca intempestiva pela vida

que dá vazão aos sentidos do humano.

Encontrei um lagar de nascentes intermináveis.

Dele já compartilhei. Mas que fazer

se o deserto alheio chora pela secura da alma?

Nem o debruço dos olhos

por sobre a beirada do abismo arregaça

o puro e verdadeiro dos sentimentos.

Quando um não quer, não há como o outro

entregar o que lhe sobeja a alma...

É assim que morrem as lavraturas

de um lagar com quatro setas azuis...

Enquanto um se perde em todas as direções,

o outro se debruça sobre a face do abismo...