"O Amor que o Tempo Não Apaga"
"O Amor que o Tempo Não Apaga"
O amor é um mistério profundo, um eco que ressoa nas paredes do coração, onde cada batida carrega um fragmento de sua essência. Ele se instala em nossa alma como uma sinfonia inacabada, cujas notas reverberam com a força do tempo, criando uma melodia que, embora possa se desvanecer em meio à rotina, nunca desaparece por completo. Ao contrário, cada dia que passa o torna mais vívido, mais intenso, enquanto as lembranças se tornam o combustível que alimenta nossos desejos ocultos.
Quando pensamos no amor, muitas vezes imaginamos seu esplendor, o brilho nos olhos que reflete promessas e a esperança de um futuro compartilhado. Mas o amor é também um labirinto intrincado de sentimentos e fragilidades. Ele se alimenta de memórias, e cada lembrança é como um rastro deixado na areia: algumas são suaves, quase etéreas, enquanto outras são marcas profundas, cravadas na terra de nosso ser. E, mesmo que o tempo passe, essas marcas permanecem, carregadas de significados e lembranças de risadas compartilhadas e silêncios que falam mais do que mil palavras.
O tempo, esse guardião de nossa existência, tem o poder de transformar tudo ao nosso redor. Ele altera paisagens, apaga rostos, mas nunca consegue apagar o amor que foi vivido com a plenitude das emoções. Assim, os rostos amados se tornam borrões na memória, mas o sentimento persiste. As risadas compartilhadas, os sussurros ao entardecer, os olhares cúmplices que falam mais do que mil palavras — tudo isso se torna uma tapeçaria rica, tecida com os fios dourados da saudade. Mesmo quando os corpos se afastam, as almas permanecem entrelaçadas em um balé sutil, onde os passos dançam ao ritmo da memória.
A saudade é um estado de espírito, uma presença constante que nos acompanha. É uma mulher solitária sentada à beira de um lago, contemplando o reflexo de um amor que já foi. Ela sente cada gota de chuva como um suspiro do passado, cada brisa suave como um sussurro familiar. Em suas reminiscências, as dores se misturam a um doce sabor de nostalgia, e a lembrança do outro se transforma em um perfume que, mesmo desvanecido, ainda pode ser sentido ao passar pela porta. O amor se torna, assim, uma carta guardada em uma caixa antiga, um relicário de emoções, onde cada memória traz à tona momentos de alegria e dor, um lembrete de que o amor verdadeiro não é apenas sobre o presente, mas sobre a eternidade que ele promete.
E assim seguimos, entre lembranças e desejos, nutrindo a chama que nunca se apaga. É um amor que não se contenta em ser esquecido, que não se curva diante do tempo, mas o desafia. As noites em que sonhamos com aqueles que partiram, com suas vozes que ainda ressoam em nossos ouvidos, são provas de que o amor não se extingue. É na fragilidade das memórias que encontramos a força para seguir, sabendo que, embora a vida nos leve por caminhos diferentes, aquele amor permanecerá — imortal, inabalável e sempre repleto de saudade.
Nesse tecido de lembranças, os desejos se tornam flores que brotam mesmo em solo árido, germinando em meio às cinzas do que foi. O desejo de reviver aqueles instantes fugazes se transforma em um impulso vital, uma busca incessante por um reencontro, por um vislumbre da alegria que um dia foi. E, mesmo que o corpo não esteja presente, a alma persiste, como um farol aceso em noites escuras, guiando nossos passos através da solidão.
E, nesse eterno ir e vir entre a saudade e o desejo, encontramos a plenitude do amor que nos une, um amor que transcende o tempo e o espaço, que nos molda e nos transforma, mesmo na ausência. O amor é uma força indomável, um poema escrito nas estrelas, onde cada palavra é um eco de um momento que, embora distante, continua a ressoar dentro de nós. Essa é a beleza do amor que nunca se apaga: ele vive, respira e se expande em nossos corações, eternamente ligado ao que fomos e ao que ainda somos.
In - Poesia Além do Horizonte
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Rô Montano___________ ✍