Penélope e Odisseu

Um filho não deixou, mas deixou lembranças para os próximos vinte anos.

Simples, foi para a guerra, e levou junto a mim, sem nem saber.

Servi de sacrifício, a batalha, aos teus deuses, a teus homens, a todos.

Foi uma longa guerra, com longas pausas, no total não faz diferença.

Mas o retorno é sempre mais difícil, são inúmeros os obstáculos.

Quem devemos enfrentar? A quem devemos pedir ajuda? O que fazer?

O bravo mar, ora amigo, se torna inimigo, te prende no meio da tormenta.

Boia. Há dias. A deriva. Perdido. Outros conselhos. Mas e o desejo?

O desejo de regressar, de voltar ao lar. Regressar para onde não deixou.

Ele luta contra desejo, mas de que serve? O plano já foi traçado há muito.

Irás regressar. A tua ilha te espera, teu amor te espera. A paz te espera.

Como Penélope, eu teço, bordo todos os dias, mas não para o futuro adiar.

Bordo na esperança do regresso, não sendo desta vez a toalha mortuária.

Quem sabe um desenho novo, um bordado com o nome de Telêmaco.

O arco que não se dobra, é o desafio, mas o dono, o legítimo sabe fazê-lo.

Acertar o desafio que só quem criou sabe, derrotar os outros pretendentes.

Mas um problema resta, criou-se uma inveja do verdadeiro Odisseu.

Não tenho como vingar-me aqueles que tentaram roubar meu mundo.

Tamyrys Hadassa
Enviado por Tamyrys Hadassa em 04/10/2024
Código do texto: T8166434
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