O fracasso no (do?) amor
As pessoas que amamos são, sempre, fracassadas. Talvez porque o fracasso seja o traço mais profundo da nossa condição humana, o ponto onde todos nos encontramos. Não amamos porque alguém é forte, bem-sucedido ou perfeito. Amamos na vulnerabilidade, nas quedas silenciosas que só nós testemunhamos. É só ali, entre a sombra e a falha, que o amor pode florescer.
Amar é aceitar a imperfeição do outro, é abraçar sua incompletude como espelho da nossa. E há uma beleza infinita nisso. Na pele que enruga, nas promessas que não se cumprem, nos sonhos adiados. Cada erro, cada tropeço, nos aproxima mais, porque é através dessas fissuras que enxergamos a verdadeira essência do ser. O amor não exige perfeição; ele brota onde reconhecemos nossa fragilidade compartilhada, onde estendemos as mãos e encontramos o outro no mesmo espaço de falibilidade.
Assim, amamos o que é humano, o que é falho, o que nunca será completo. Amamos o que se perde e se refaz. Amamos, sobretudo, aquilo que nunca será perfeito, mas que, mesmo assim, é insubstituível.