SOLITUDE
Lágrimas. Vindo como ondas não bravias, mas profundas por demais. Elas vem e vão.
Não adianta gritar ou falar. As vísceras não falam, doem e pedem por anestésicos. Mas eu preciso sentir cada tremor, ao desnudar-me e descobrir-me refém de mim mesmo.
Mas, como assim? Como pude não compreender-me, se sempre procurei entender todos os sentidos em mim e no outro?
Elas partiram. Uma, em 2015. A outra, em 2016. Minha Mãe....minha querida Mãe. Minha única Irmã. Por que teve que partir assim? Deus em mim, sustentando-me com força e doçura.
Fim do casamento. Como foi difícil romper os grilhões invisíveis e sair por aquela porta. Sem brigas. Não brigávamos. Era uma dor silenciosa e um vazio em mim.
Lutos e lutas. Sempre havia esperanças em mim. A Fé me mantinha viva. Acho que ainda me mantém. Mas as ondas.....vem e vão.
Amor. Palavrinha tão pequena e com braços que abraçam o mundo. Eu ainda não sei, se os meus braços se quebraram ou se o Amor em mim congelou.
Amor vai muito além da poesia. É aquilo que soa no dia dia, como o cheiro do café, os lençóis perfumados (as fronhas sempre em pares e iguais), o abraço sereno e a confiança. Um no outro. Uns nos outros.
De repente, o cenário muda. Por um tempo, uma solidão que parecia desejar quebrar-me os ossos. Hoje, solitude. E neste silêncio barulhento, procuro entender quem fui e quem me tornei.
Deus fala em mim, muitas vezes. Busco-Lhe diariamente. É preciso ir ao Céu, para buscar a mais pura luz e calma. Deus sabe de tudo. Deus sabe de mim. Ele me diz: - "Confia e refarei Tua história" e eu, filha teimosa, tantas vezes vejo-me a construir castelos de areia. E logo, as ondas, as ondas...
Cansada. Cansada. Cansada. Pois procuro entender todos os caminhos idos e entender todas as minhas escolhas. Não tenho tempo para arriscar-me a perder mais tempo.
Sonhos. Simples mas inteiros.
Que eu fique, sem desejar partir.
Que eu volte, sempre que sair.
Que eu não me sinta, nunca mais, tão sobrecarregada. De tudo, e de nada.
Abraça-me, Confiança.
Aonde habitas?