Lampejo

Domingo. 22h. O sono não vem. A ansiedade incomoda: preciso acordar cedo amanhã. Pensar poesia sempre foi melhor que contar carneirinhos. Não resolve.Tem alguma coisa crescendo aqui pelo avesso. Uma compreensão rasteja lentamente rumo à consciência. O insight acende a luz: lá estou eu. Isolada na floresta densa. Perdida. Distraída mais uma vez pelos ossos sedutores. As armadilhas. Não sinto fome no estômago. Tenho sede no coração. Minha grande falta ainda é de amor. Estou exausta novamente pelo excessivo esforço para me sentir amada. Minha grande ausência é deixar de nutrir minha alma. Doação de mais. Muito mais. Para outros. Enquanto eu sigo esfomeada, sedenta do meu amor. Do meu próprio cuidado. Hora de reajustar a rota. Sem culpas. Alimentar meus desejos. Priorizar o tempo para mim. Acender o fogo que move a minha criatividade. Dançar. Preencher o corpo, e mais ainda, a alma de entusiasmo. Não, essa persona murcha… Essa flor ressecada, não sou eu. Minha menininha bailarina, cigana, rodopia aqui dentro. Ela quer que eu a veja. Que sinta o quanto está viva. Sabe que ela é a minha verdade. É um fato. Parece repetitivo. Assim é o aprendizado mais difícil. Ensaio, e erro até ser incorporado como cura. Não me sinto constrangida de ter mordido a isca. Na verdade, fico feliz de não permanecer na ilusão. A cada despertar recupero o fôlego. Conquisto força, coragem e esperança de que eu não me distraia mais. Saio pelo mundo com um sorriso mais sincero. Dançando por aí. Saboreando o gosto bom da luz do sol. Eu sou minha. Só minha. Minha Deusa. Meu amor.

*Si*

Simone Ferreira
Enviado por Simone Ferreira em 02/10/2024
Código do texto: T8164663
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