Estranheza.
Não devo resguardar-me no silêncio. Quando ele não se faz presente, necessito emaranhar-me nos sons da realidade, que me impactam ao absurdo. A razão me permite estratificar; a sensibilidade me faz querer desistir da vida que lhe é própria. A ótica cinzenta bate à porta à volta, tão forte, que ela penetra em minha consciência e a expulso, e uma espécie de razão prevalece. Essa lógica me concede a nitidez, mas há algo que me puxa: arrasta-me à deformidade do porvir. Serei-só, de todo o modo. Assimilo a estranheza do mundo, entorpecidamente. Na essência, desisto-me; desisto-te; fui-me à bruma da renúncia. Toda a doçura e normalidade aparentes são os meus adversários; afastam-me para o limite tenso da existência, sem tender. Reprimo-me: ostracismo de mim. Faço-me: rabiscagem perversa, como vontade oscilante e turva. Sou-me: sem ser-me; dentro do nilifenômeno não compreendido por mim.