"Ciclo da Vida: Redescobrindo a Infância na Velhice"
"Ciclo da Vida: Redescobrindo a Infância na Velhice"
Ser idoso é um retorno sutil, quase invisível, aos contornos da infância. Nessa fase, o tempo não se apressa; ele se desdobra em uma simplicidade que ganha novos significados. Os passos, outrora firmes e resolutos, agora avançam com a serenidade de quem já navegou por tempestades, de quem carrega vitórias e cicatrizes, redescobrindo as sutilezas que a vida murmura em segredos.
A alma, ao cair da tarde, revisita o amanhecer. As mãos, marcadas pelo tempo, assemelham-se às de uma criança: ansiosas por sentir, mais uma vez, o frescor da vida. O calor suave do sol, o murmúrio do vento nas folhas, o aroma do café — tudo parece encher a manhã de promessas vibrantes. E, como na infância, a imaginação se expande, confundindo o presente com as memórias, tecendo um fio invisível entre o vivido e o sonhado.
Ser idoso é aceitar o convite para viver o agora com a leveza de quem não se prende mais a grandes ambições. O cotidiano transforma-se em um espaço mágico de redescoberta — como uma criança que, ao explorar o mundo com olhos curiosos, encontra beleza nas coisas mais simples. O idoso contempla o futuro com a serenidade de quem aprendeu que o essencial sempre residiu nas pequenas coisas. Sorrisos são genuínos, silêncios abrigam significados profundos e, nas pausas, a vida ensina o respeito.
Nesse estágio, as dores — do corpo e da alma — revestem-se de uma compreensão que apenas o tempo pode oferecer. A paciência da velhice, tão semelhante à da infância, nasce da aceitação de que nem tudo precisa ser compreendido; é suficiente vivê-lo. Ser idoso é, assim, uma nova aprendizagem: redescobrir a pureza de simplesmente existir, sem pressa, sem exigências, com a paz de quem sabe que a vida, como um ciclo, sempre retorna ao seu ponto de partida.
Rô Montano___________ ✍